Questão - 344
Leia o texto a seguir de “Música ao longe”,
escrito por Érico Veríssimo:
HORA DA SESTA.
Um grande silêncio no casarão.
Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e
úmidos.
Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão
grande que, inquieta, ela torna a pôr o volume na
prateleira, ergue-se e vai até a janela, para ver um
pouco de vida.
Na frente da farmácia está um homem metido num
grosso sobretudo cor de chumbo. Um cachorro magro
atravessa a rua. A mulher do coletor aparece à janela.
Um rapaz de pés descalços entra na Panificadora.
Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e
desbotado, olha para as sombras fracas sobre a rua e
depois se volta para dentro do quarto.
Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa
indecisa, parada, braços caídos, esperando. Mas
esperando quê?
Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão
dormiam. As moscas dançavam no ar, zumbindo. Fazia
um solão terrível, amarelo e quente. No seu quarto,
Clarissa não sabia que fazer. De repente pensou numa
travessura. Mamãe guardava no sótão as suas latas de
doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam
durar toda a semana. Era proibido entrar lá. Quem
entrava, dos pequenos, corria o risco de levar
palmadas no lugar de costume.
Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites
traiçoeiros. Clarissa ficou pensando.
Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia
no quartinho do sótão.
Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar.
Subiu as escadas devagarinho. Os degraus rangiam e
a cada rangido ela levava um sustinho que a fazia
estremecer.
Clarissa subia, com a grande chave na mão.
Ninguém… Silêncio…
Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos
pulos. Experimentou a chave. A princípio não entrava
bem na fechadura. Depois entrou. Com muita cautela,
abriu a porta e se viu no meio duma escuridão
perfumada, duma escuridão fresca que cheirava a
doces, bolinhos e pão.
Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D.
Clemência descobriu a violação, e Clarissa levou meia
dúzia de palmadas.
Agora ela recorda… E de repente se faz uma grande
claridade, ela tem a grande ideia. “A chave da cozinha
serve na porta do quarto do sótão.” O quarto de Vasco
fica no sótão…
Vasco está no escritório… Todos dormem… Oh!
E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse,
entrasse no quarto de Vasco e descobrisse o grande
mistério?
Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma
moça entrar no quarto dum rapaz.
Mas ele não está lá… que mal faz? Mesmo que
estivesse, é teu primo. Sim, não sejas medrosa.
Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que vão
pensar? Subo a escada, alguém me vê, pergunta:
“Aonde vais, Clarissa?” Ora, vou até o quartinho das
malas. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não,
não vou. Vou, sim!
(Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)
No final do texto acima, lê-se o seguinte trecho: “Subo
a escada, alguém me vê, pergunta: “Aonde vais,
Clarissa?” Ora, vou até o quartinho das malas. Pronto.
Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou. Vou,
sim!”. Considerando-o, analise as seguintes afirmações
e em seguida assinale a alternativa correta:
escrito por Érico Veríssimo:
HORA DA SESTA.
Um grande silêncio no casarão.
Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e
úmidos.
Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão
grande que, inquieta, ela torna a pôr o volume na
prateleira, ergue-se e vai até a janela, para ver um
pouco de vida.
Na frente da farmácia está um homem metido num
grosso sobretudo cor de chumbo. Um cachorro magro
atravessa a rua. A mulher do coletor aparece à janela.
Um rapaz de pés descalços entra na Panificadora.
Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e
desbotado, olha para as sombras fracas sobre a rua e
depois se volta para dentro do quarto.
Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa
indecisa, parada, braços caídos, esperando. Mas
esperando quê?
Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão
dormiam. As moscas dançavam no ar, zumbindo. Fazia
um solão terrível, amarelo e quente. No seu quarto,
Clarissa não sabia que fazer. De repente pensou numa
travessura. Mamãe guardava no sótão as suas latas de
doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam
durar toda a semana. Era proibido entrar lá. Quem
entrava, dos pequenos, corria o risco de levar
palmadas no lugar de costume.
Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites
traiçoeiros. Clarissa ficou pensando.
Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia
no quartinho do sótão.
Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar.
Subiu as escadas devagarinho. Os degraus rangiam e
a cada rangido ela levava um sustinho que a fazia
estremecer.
Clarissa subia, com a grande chave na mão.
Ninguém… Silêncio…
Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos
pulos. Experimentou a chave. A princípio não entrava
bem na fechadura. Depois entrou. Com muita cautela,
abriu a porta e se viu no meio duma escuridão
perfumada, duma escuridão fresca que cheirava a
doces, bolinhos e pão.
Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D.
Clemência descobriu a violação, e Clarissa levou meia
dúzia de palmadas.
Agora ela recorda… E de repente se faz uma grande
claridade, ela tem a grande ideia. “A chave da cozinha
serve na porta do quarto do sótão.” O quarto de Vasco
fica no sótão…
Vasco está no escritório… Todos dormem… Oh!
E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse,
entrasse no quarto de Vasco e descobrisse o grande
mistério?
Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma
moça entrar no quarto dum rapaz.
Mas ele não está lá… que mal faz? Mesmo que
estivesse, é teu primo. Sim, não sejas medrosa.
Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que vão
pensar? Subo a escada, alguém me vê, pergunta:
“Aonde vais, Clarissa?” Ora, vou até o quartinho das
malas. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não,
não vou. Vou, sim!
(Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)
No final do texto acima, lê-se o seguinte trecho: “Subo
a escada, alguém me vê, pergunta: “Aonde vais,
Clarissa?” Ora, vou até o quartinho das malas. Pronto.
Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou. Vou,
sim!”. Considerando-o, analise as seguintes afirmações
e em seguida assinale a alternativa correta:
I - O termo “aonde” pode ser substituído por “onde”
sem que haja alteração de sentido.
II - De acordo com a norma padrão da língua
portuguesa, a vírgula depois de “vais” pode ser
retirada sem que haja alteração de sentido.
III - Todos os verbos do trecho acima estão na primeira
pessoa do singular.
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